BLOGGER TEMPLATES - TWITTER BACKGROUNDS »

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Tententender


Tu tem que descobrir um prazer na vida, sem ser o da vitória, descobrir pequenas vitórias, se satisfazer contigo mesmo. Tu não joga contra o adversário, tu joga contra ti mesmo, e a vida é assim. Quando tu vê alguém reclamando muito da vida, é que o cara não descobriu que ele tá jogando contra si mesmo.

[Humberto Gessinger]

Não quero perder a razão/Pra ganhar a vida/Nem perder a vida/Pra ganhar o pão/Não é que eu faça questão de ser feliz/Eu só queria que parassem/De morrer de fome a um palmo do meu nariz/Mesmo que pareçam bobagens/As viagens que eu faço/Eu traço meus rumos eu mesmo(a esmo)/E se nunca sei a quantas ando/Se ando sem direção/É porque nunca se sabe.
[Nunca se sabe]

Eu vejo um horizonte trêmulo/Eu tenho os olhos úmidos/Eu posso estar completamente enganado/Eu posso estar correndo pro lado errado/Mas "a dúvida é o preço da pureza"/É inútil ter certeza/Eu vejo as placas dizendo/"não corra, não morra, não fume"/Eu vejo as placas cortando o horizonte/Elas parecem facas de dois gumes/Minha vida é tão confusa quanto a América Central/Por isso não me acuse de ser irracional/Escute, garota, façamos um trato:/Você desliga o telefone se eu ficar muito abstrato/Eu posso ser um Beatle, um beatnik/Ou um bitolado/Mas eu não sou ator/Eu não tô à toa do teu lado.

[Infinita Highway]

Não quero seduzir teu coração turista/Não quero te vender o meu ponto de vista/Eu tive um sonho e há muito não sonhava/Lembranças do futuro que a gente imaginava/Nem sempre foi assim, outro mundo é possível/Pode até ser o fim, mas será que é inevitável?

[Não consigo odiar ninguém]

Hoje os ventos do destino/Começaram a soprar/Nosso tempo de menino/Foi ficando para trás/Com a força de um moinho/Que trabalha devagar/Vai buscar o teu caminho/Nunca olha para trás.
[Depois de nós]


Quantas vezes a gente sobrevive/à hora da verdade?/Na falta de algo melhor
nunca me faltou coragem/Se eu soubesse antes o que sei agora/erraria tudo exatamente igual.../[...]/Surfando karmas e DNA/eu não quero ter o que eu não tenho/não tenho medo de errar!/Surfando karmas e DNA.../na falta do que fazer, inventei a minha liberdade!!

[Surfando Karmas & DNA]

Eu tenho muitos amigos/Tenho discos e livros/Mas quando eu mais preciso/Eu só tenho você.../Tenho sorte e juízo/Cartão de crédito/E um imenso disco rígido/Mas quando eu mais preciso/Eu só tenho você/Quando eu mais preciso/Eu só tenho você.../Tenho a consciência em paz/(Só tenho você)/Tenho mais do que eu preciso/(Só tenho você)/Mas, se eu preciso de paz/Eu só tenho você/Tenho muito mais dúvidas/Do que certezas/Hoje, com certeza/Eu só tenho você...(Só tenho você)/Tenho mais do que eu preciso/Mas, se eu preciso de paz/Eu só tenho você/Eu tenho medo de cobras/Já tive medo do escuro/Tenho medo de te perder...

[De fé]


O que você não pode eu não vou te pedir/O que você não quer, eu não quero insistir/Diga a verdade, doa a quem doer/Doe sangue e me dê seu telefone/Todos os dias eu venho ao mesmo lugar/Às vezes fica longe, impossível de encontrar/Mas, quando o néon é bom/Toda noite é noite de luar/No táxi que me trouxe até aqui/Bob Marley me dava razão/As últimas do esporte, hora certa /Crime e religião/Na verdade, nada /É uma palavra esperando tradução.

[Piano bar]


Eu me lembro muito bem, como se fosse amanhã/O sol nascendo sem saber o que iria iluminar/Eu abri meu coração como se fosse um motor/E na hora de voltar sobravam peças pelo chão/Mesmo assim eu fui à luta... eu quis pagar pra ver

[Armas quimicas e poemas]

Nem vem que não tem!/Eu não devo nada pra ninguém!/'tô' de saco cheio!!!/Chega!!!/Deu pra mim!!!/Eu não sou do meio/Sou do princípio ao fim/Eu não sou do meio/Não sou do meio termo/Quero todos os gestos ou nenhum/Todos os sons ou o silêncio total/Nada de meias palavras/De duplo sentido

[Sala VIP]

Hey mãe!/Eu tenho uma guitarra elétrica/Durante muito tempo isso foi tudo/Que eu queria ter/Mas, hey mãe!/Alguma coisa ficou pra trás/Antigamente eu sabia exatamente o que fazer/Hey mãe!/Tenho uns amigos tocando comigo/Eles são legais, além do mais,/Não querem nem saber/Que agora, lá fora,/O mundo todo é uma ilha/A milhas e milhas e milhas de qualquer lugar./[...]/Hey mãe!/Eu já não esquento a cabeça/Durante muito tempo isso era/Só o que eu podia fazer/Mas, hey mãe!/Por mais que a gente cresça/Há sempre alguma coisas que a gente/Não consegue entender.

[Terra de Gigantes]


Nós dois temos/Os mesmos defeitos/Sabemos tudo/A nosso respeito/Somos suspeitos/De um crime perfeito/Mas crimes perfeitos/Nunca deixam suspeitos...

[Pra ser sincero]

Diga a verdade/Ao menos uma vez na vida/Você se apaixonou/Pelos meus erros/Não fique pela metade/Vá em frente, minha amiga/Destrua a razão/Desse beco sem saída/Se eu tivesse a força/Que você pensa que eu tenho/Eu gravaria no metal da minha pele/O teu desenho

[3x4]

Às vezes parece que eu não tenho medo/Às vezes parece que eu não tenho dúvidas/Às vezes parece que eu não tenho.../... Nenhuma razão pra chorar/Você esquece que eu não sou de ferro/(Até o ferro pode enferrujar)/Você esquece que eu não sou de aço/E faço questão de provar:/"Olhe pra mim.... enquanto eu me quebro"/Às vezes parece que eu tenho muito medo/Às vezes parece que eu só tenho dúvidas/Às vezes parece que eu não tenho.../.. Nenhuma chance de escapar/Já desisti de ser uma pessoa só/Já desisti de ser uma multidão/Já não ponho todas as fichas na mesa/Agora ... jogo algumas no chão/Jogo algumas no chão

[Não é sempre]

Não vejo nada./O que eu vejo, não me agrada./Não ouço nada./O que eu ouço, não diz nada/Perdi a conta/Das pérolas e porcos/Que eu cruzei, pela estrada.../O céu é só uma promessa./Eu tenho pressa,/Vamos nessa direção./Atrás de um sol/Que nos aqueça/Minha cabeça/Não aguenta mais...

[A promessa]


Mas nós dançamos no silêncio/choramos no carnaval/não vemos graça nas gracinhas da tv/morremos de rir no horário eleitoral/mas nós vibramos em outra freqüência/sabemos que não é bem assim/se fosse fácil achar o caminho das pedras/tantas pedras no caminho não seria ruim

[Outras frequências]


Eu que falei nem pensar/Agora me arrependo roendo as unhas/Frágeis testemunhas/De um crime sem perdão/Mas eu falei nem pensar/Coração na mão/Como um refrão de um bolero/Eu fui sincero como não se pode ser

[refrão de bolero]


Um dia me disseram/Que as nuvens/Não eram de algodão/Um dia me disseram que os ventos às vezes erram a direção/Quem ocupa o trono/Tem culpa/Quem oculta o crime/Também/Quem duvida da vida/Tem culpa/Quem evita a dúvida/Também tem.../Somos quem podemos ser.../Sonhos que podemos ter...

[Somos quem podemos ser]

Eu que não fumo, queria um cigarro/
Eu que não amo você/Envelheci dez anos ou mais/Nesse último mês/Eu que não bebo, pedi um conhaque/Pra enfrentar o inverno/Que entra pela porta/Que você deixou aberta ao sair...
[Eu que não amo você]

Se a tv estiver fora do ar/
Quando passarem/Os melhores momentos da sua vida/Pela janela alguém estará/De olho em você/Completamente paranóico
[Parabólica]

Vamos duvidar de tudo o que é certo/Vamos namorar à luz do pólo petroquímico/Voltar pra casa num navio fantasma/Vamos todo mundo.../ninguém pode faltar/Se faltar calor, a gente esquenta/Se ficar pequeno, a gente aumenta/E se não for possível, a gente tenta/
Vamos velejar no mar de lama/Se faltar o vento, a gente inventa/Vamos remar contra a corrente/Desafinar do coro dos contentes

[Pose]

É que eu nasci com o pé na estrada com a cabeça lá na lua/Não vou ficar, não vou ficar, fiz bandeira desses trapos devorei concreto e asfalto/fiz bandeira desses trapos devorei concreto e asfalto/Tenho feito meu caminho/volta e meia fico só, reconheço meus defeitos/e o efeito dominó,/Mas se eu ficasse ao seu lado de nada adiantaria/se eu fosse um cara diferente sabe lá como eu seria.

[Concreto e asfalto]

agora que tudo está exposto/a máscara e o rosto trocam de lugar/tô fora se esse é o caminho/se a vida é um filme, eu não conheço diretor/tô fora, sigo o meu caminho/às vezes tô sozinho, quase sempre tô em paz/num piscar de olhos tudo se transforma/tá vendo? já passou!/mas ao mesmo tempo/esse mundo em movimento/parece não mudar/é igual ao que já era/de onde menos se espera
dali mesmo é que não vem/visão de raio-x/o x dessa questão/é ver além da máscara/além do que é sabido, além do que é sentido/ver além da máscara

[Além da máscara]



A gente imagina a felicidade como uma utopia, um lugar onde vai chegar e que onde, teoricamente, todo mundo tem que chegar junto. E é um consenso impossível, uma matemática que não fecha em zero nunca. Tu vai ver, tem outros componentes da felicidade, tem a química, tem o dom. Eu acho que felicidade é meio que nem preparo físico, cada um tem um limite. Tu pode treinar, melhorar um pouquinho, mas eu nunca vou ser o Borg (o tenista Bjorn Borg), ou o Rei Momo fisicamente. E eu acho que felicidade é meio assim, é olhar mais para o grão pequeno. E não que seja uma atitude alienada, a gente continua pensando nas teorias conspirativas, mas sabe ter humildade de que ali tu não pode agir imediatamente, mas, no teu dia-a-dia, tu pode.

[Humberto Gessinger]


sábado, 26 de setembro de 2009

A máquina


Seu coração disse pra sua cabeça, vá, e sua cabeça disse pra sua coragem, vou, e sua coragem respondeu, vou nada, mas sua boca não ouviu e beijou.


[Adriana Falcão]

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Carta para o homem que morreu e um pouco de verdade viva


"(...)Eu passo quieta por você, você passa quieto por mim, e eu ainda escuto o barulho que a gente faz.
(...)E você já abalou tanto a minha vida. Que pena, agora você morreu.
(...)Não morre, por favor. Seja ele, seja o homem que perde um segundo de ar quando me vê.
Mas você nunca mais me olhou quase chorando, você nunca mais se emocionou, nem a mim.
Você nunca mais pegou na minha mão e me fez sentir segura. Nunca mais falou a coisa mais errada do mundo e fez o mundo valer a pena.
Eu treinei viver sem você, eu treinei porque você sempre achou um absurdo o tanto que eu precisava de você para estar feliz.
De tanto treinar acostumei.
(...)Eu só queria que ele aparecesse, o homem que vai me olhar de um jeito que vai limpar toda a sujeira, o rabisco, o nó.
O homem que vai ser o pai dos meus filhos e não dos meus medos.
O homem com o maior colo do mundo, para dar tempo de eu ser mulher, transar para sempre. Para dar tempo de seu ser criança, chorar para sempre.
Para dar tempo de eu ser para sempre.
Cansei de morrer na vida das pessoas. Por isso matei você.
Antes que eu morresse de amor. Matei você.
Eu sei que sou covarde. Surpreso? Eu não."

[Tati Bernardi]

Perfil


"Sou pessoa de dentro pra fora. Minha beleza está na minha essência e no meu caráter. Acredito em sonhos, não em utopia. Mas quando sonho, sonho alto. Estou aqui é pra viver, cair, aprender, levantar e seguir em frente. Sou isso hoje... Amanhã, já me reinventei. Reinvento-me sempre que a vida pede um pouco mais de mim. Sou complexa, sou mistura, sou mulher com cara de menina... E vice-versa. Me perco, me procuro e me acho. E quando necessário, enlouqueço e deixo rolar... Não me dôo pela metade, não sou tua meio amiga, nem teu quase amor. Ou sou tudo ou sou nada. Não suporto meio termos. Sou boba, mas não sou burra. Ingênua, mas não santa. Sou pessoa de riso fácil...e choro também!"

[Tati Bernardi]

A fita métrica do amor


Como se mede uma pessoa? Os tamanhos variam conforme o grau de envolvimento. Ela é enorme pra você quando fala do que leu e viveu, quando trata você com carinho e respeito, quando olha nos olhos e sorri destravado. É pequena pra você quando só pensa em si mesmo, quando se comporta de uma maneira pouco gentil, quando fracassa justamente no momento em que teria que demonstrar o que há de mais importante entre duas pessoas: a amizade. Uma pessoa é gigante pra você quando se interessa pela sua vida, quando busca alternativas para o seu crescimento, quando sonha junto. É pequena quando desvia do assunto. Uma pessoa é grande quando perdoa, quando compreende, quando se coloca no lugar do outro, quando age não de acordo com o que esperam dela, mas de acordo com o que espera de si mesma. Uma pessoa é pequena quando se deixa reger por comportamentos clichês. Uma mesma pessoa pode aparentar grandeza ou miudeza dentro de um relacionamento, pode crescer ou decrescer num espaço de poucas semanas: será ela que mudou ou será que o amor é traiçoeiro nas suas medições? Uma decepção pode diminuir o tamanho de um amor que parecia ser grande. Uma ausência pode aumentar o tamanho de um amor que parecia ser ínfimo. É difícil conviver com esta elasticidade: as pessoas se agigantam e se encolhem aos nossos olhos. Nosso julgamento é feito não através de centímetros e metros, mas de ações e reações, de expectativas e frustrações. Uma pessoa é única ao estender a mão, e ao recolhê-la inesperadamente, se torna mais uma. O egoísmo unifica os insignificantes. Não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam uma pessoa grande. É a sua sensibilidade sem tamanho.

(Martha Medeiros)

A dor que dói mais


Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, dóem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é saudade. Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que já morreu. Saudade de um amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, quando se tinha mais audácia e menos cabelos brancos. Dóem essas saudades todas. Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o aeroporto e ele para o dentista, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-lo, ele o dia sem vê-la, mas sabiam-se amanhã. Mas quando o amor de um acaba, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter. Saudade é não saber. Não saber mais se ele continua se gripando no inverno. Não saber mais se ela continua clareando o cabelo. Não saber se ele ainda usa a camisa que você deu. Não saber se ela foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ele tem comido frango de padaria, se ela tem assistido as aulas de inglês, se ele aprendeu a entrar na Internet, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua fumando Carlton, se ela continua preferindo Pepsi, se ele continua sorrindo, se ela continua dançando, se ele continua pescando, se ela continua lhe amando. Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche. Saudade é não querer saber. Não querer saber se ele está com outra, se ela está feliz, se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda assim, doer.

(Martha Medeiros)

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Por enquanto...


Tudo isso dói. Mas eu sei que passa, que se está sendo assim é porque deve ser assim, e virá outro ciclo, depois. Para me dar força, escrevi no espelho do meu quarto:' Tá certo que o sonho acabou, mas também não precisa virar pesadelo, não é? ' É o que estou tentando vivenciar. Certo, muitas ilusões dançaram - mas eu me recuso a descrer absolutamente de tudo, eu faço força para manter algumas esperanças acesas, como velas. Também não quero dramatizar e fazer dos problemas reais monstros insolúveis,becos-sem-saída. Nada é muito terrível. Só viver,não é? A barra mesmo é ter que estar vivo e ter que desdobrar, batalhar um jeito qualquer de ficar numa boa. O meu tem sido olhar pra dentro, devagar, ter muito cuidado com cada palavra, com cada movimento, com cada coisa que me ligue ao de fora. Até que os dois ritmos naturalmente se encaixem outra vez e passem a fluir. Porque não estou fluindo.

[Caio Fernando]

domingo, 20 de setembro de 2009

Raio de sol


"Um dia me disseram que as nuvens não eram de algodão, um dia me disseram que os ventos as vezes erram a direção"

Tão estranho e encantador olhar nos olhos de quem tem a mesma cicatriz, de quem também tem marcas, e que ao mesmo tempo tem a alegria de viver. Conviver com crianças nunca foi algo muito apreciado por mim, confesso...Mas o que me encantou hoje naqueles pequenos seres não foi a eletricidade típica de uma criança, ou ainda a boa desenvoltura e educação..., são coisas admiraveis, mas não foi isso que me encantou... Me deixei seduzir por olhares estranhos e carentes, por olhares e gestos envolventes, por expressões que não gritavam "socorro!", mas que gritavam "deixa eu te socorrer?", me apaixonei por uma realidade completamente avessa a minha, me apaixonei pela união, pelo amor..., pelas coisas mais puras que me ensinaram quando eu tinha a mesma idade, e que o mundo fez com que meu coração ficasse um tanto calejado a ponto de duvidar um pouco disso..., mas depois de hoje... impossível não se sentir melhor, impossível não acreditar nas "coisas mais puras que já me ensinaram". Estava muito cansada, e lembro que ontem pedi com tanta força em pensamento algo que me fizesse acordar e me sentir viva, que fizesse meus olhos brilharem, essas foram exatamente as palavras que usei... e hoje não vi um motivo pra seguir acreditando em tudo que creio, mas vi cerca de vinte e um motivos.

"Somos quem podemos ser, sonhos que podemos ter [...] sem querer eles me deram a chaves que abrem essa prisão,e tudo ficou tão claro"

sábado, 19 de setembro de 2009

Inventário do ir-remediável


(...) todos os relógios estão parados, não sei se é ontem, se hoje ou amanhã, se é sempre, e nunca mais, estou solta aqui, completamente só, não há relógios, não há relógios e o tempo avança liberto, sem fronteiras nem limitações, uma bola de arame farpado, o sentimento vai se adensando em mim, transborda dos olhos, das mãos, sai pela boca em forma de fumaça, sinto meus lábios ressequidos, machucados, o gosto amargo, a bola cresce estendendo tentáculos, no meio dela eu me encolho cada vez mais, presa num círculo que cresce até explodir na vontade contida de gritar bem alto, bem fundo, rouca, exausta, correndo, esmagando as folhas de um outro outono, de um outro tempo, ainda este, o tempo, o outono, a tarde, o mundo, a esfera, a espera em que estou pra sempre presa.

(Caio Fernando)

Histórias


"São tudo histórias, menino. A história que está sendo contada, cada um a transforma em outra, na história que quiser. Escolha, entre todas elas, aquela que seu coração mais gostar, e persiga-a até o fim do mundo. Mesmo que ninguém compreenda, como se fosse um combate. Um bom combate, o melhor de todos, o único que vale a pena. O resto é engano, meu filho, é perdição "

(Caio Fernando)

sábado, 12 de setembro de 2009

Garotos


"Seus dentes e seus sorrisos mastigam meu corpo e juízo,devoram os meus sentidos, eu já não me importo comigo, então são mãos e braços, beijos e abraços,pele, barriga e seus laços"

(Leoni)

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Dois caminhos


"Quando ficamos com raiva, fazemos tudo da pior maneira, agimos impulsivamente, falamos o que não devemos, tratamos mal quem não merecia. E quando amamos, fazemos de tudo pra fazer o outro feliz, mostramos o que há de melhor em nós. Por isso que eu acredito cada vez mais que quando sentimos raiva, tocamos nas piores coisas que há em nós, encarnamos os nossos defeitos e abandonamos tudo que há de bom em nós, e quando sentimos amor de verdade por alguém ocorre exatamente o contrário..., exteriorizamos o melhor que há em nós."
(Pe. Fábio de Melo)

domingo, 6 de setembro de 2009

Grades particulares...


Tem dias que tudo amanhece mais cinza..., ou melhor não amanhece. Nesses dias me tranco em minha solidão, em meus pensamentos, em meus devaneios, em minhas frustrações, em minhas observações..., enfim..., vivo em um mundo só meu. E aí somos só eu, o violão e as palavras... Tenho estado com uma vontade constante de chorar, de me deixar esvaziar de coisas, de 'limpar o armário'... não é um estado de dor pura..., mas é uma mistura dessa com meus pensamentos. Todas as noites vejo os carros passando, apago as minhas luzes e vejo as da rua..., e quando percebo meu rosto já está completamente tomado pelas lágrimas, minha mente não consegue parar de pensar em espaços vazios, não consegue parar de reviver alguns momentos... E não quero me distrair com outras coisas, não adianta fugir..., não quando a vontade é de voltar para o inicio, não quando voltar e ir... já não são opções. Nos meus silêncios estão as minhas maiores verdades, então minha verdade mais gritante é meu silêncio mais profundo, o silêncio de todas as noites, o silêncio da menina que fica no escuro vendo os carros passando, na menina que fica durante horas trocando de notas no violão, tocando uma música que só ela é capaz de entender e escrevendo coisas que parecem não fazer tanto sentido..., mas pra que fazer sentido?!, é do incompreensível que ela tem sede, é o camuflado que ela quer expor... só não sabe como, isso aqui é só mais um ensaio...

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

A fuga


Espere pela mais alta madrugada. Pode ser de uma segunda pra terça. Essas tão caladas, tão mais escuras que todas as outras. Psiu! Não faça barulho. Só calce os sapatos lá fora, depois que você tiver fechado a porta para isso tudo que você está deixando para trás. Não deixe que ouçam seus passos. Mesmo que você pise duro, eles se entregarão vacilantes. Tanto que se ouvirem e te perguntarem aonde é que você está indo, é capaz de você dizer que está saindo pra comprar um cigarro. E, mesmo que você não fume, provavelmente, você voltará com um maço barato e fedorento e até pensará na possibilidade de começar a dar uns tragos. Quem sabe as frustrações não virem fumaça?

Se não virarem, vê se na próxima vez que você resolver largar tudo, não se esqueça de calçar sapatos confortáveis. Porque quando você sair sem fazer barulho e alcançar a rua você vai correr, correr, correr... até a hora que você se der conta que o que você sempre quis era ganhar asas e voar, voar, voar... Então, você vai se jogar numa calçada, cansado e sem fôlego e vai tentar se convencer de que realmente você é uma pessoa de sorte por nem ter ganhado calos doloridos.

Será mesmo um alento não tê-los, principalmente porque te fará esquecer rápido que correr não é a solução. Tanto que em vez de você se ocupar em construir suas asas, você gastará seu tempo e energia fazendo um mapa. Que bobagem! Sinto em lhe dizer que mesmo com um roteiro você se perderá na próxima esquina e ficará em dúvida em toda e qualquer bifurcação. É do feitio dos inquietos se perder quando tudo é possibilidade. E, por um instante, você terá certeza absoluta de que o mais seguro não é aproveitar a oportunidade e sumir, mas voltar pra casa andando devagar. Até porque não tem erro: basta seguir as placas do caminho de volta.

E é nesse caminho de volta, quando suas costas começarem a doer com o peso da mochila, onde se carrega essa vontade de tudo, medos inconfessos, riscos não corridos, sonhos não assumidos, idas frustradas e vindas frustrantes, que talvez você, finalmente, perceba que fugir é um engano tolo e covarde. Afinal, quem foi que disse que fuga é libertação?


(Autor desconhecido)