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domingo, 20 de setembro de 2009

Raio de sol


"Um dia me disseram que as nuvens não eram de algodão, um dia me disseram que os ventos as vezes erram a direção"

Tão estranho e encantador olhar nos olhos de quem tem a mesma cicatriz, de quem também tem marcas, e que ao mesmo tempo tem a alegria de viver. Conviver com crianças nunca foi algo muito apreciado por mim, confesso...Mas o que me encantou hoje naqueles pequenos seres não foi a eletricidade típica de uma criança, ou ainda a boa desenvoltura e educação..., são coisas admiraveis, mas não foi isso que me encantou... Me deixei seduzir por olhares estranhos e carentes, por olhares e gestos envolventes, por expressões que não gritavam "socorro!", mas que gritavam "deixa eu te socorrer?", me apaixonei por uma realidade completamente avessa a minha, me apaixonei pela união, pelo amor..., pelas coisas mais puras que me ensinaram quando eu tinha a mesma idade, e que o mundo fez com que meu coração ficasse um tanto calejado a ponto de duvidar um pouco disso..., mas depois de hoje... impossível não se sentir melhor, impossível não acreditar nas "coisas mais puras que já me ensinaram". Estava muito cansada, e lembro que ontem pedi com tanta força em pensamento algo que me fizesse acordar e me sentir viva, que fizesse meus olhos brilharem, essas foram exatamente as palavras que usei... e hoje não vi um motivo pra seguir acreditando em tudo que creio, mas vi cerca de vinte e um motivos.

"Somos quem podemos ser, sonhos que podemos ter [...] sem querer eles me deram a chaves que abrem essa prisão,e tudo ficou tão claro"

sábado, 19 de setembro de 2009

Inventário do ir-remediável


(...) todos os relógios estão parados, não sei se é ontem, se hoje ou amanhã, se é sempre, e nunca mais, estou solta aqui, completamente só, não há relógios, não há relógios e o tempo avança liberto, sem fronteiras nem limitações, uma bola de arame farpado, o sentimento vai se adensando em mim, transborda dos olhos, das mãos, sai pela boca em forma de fumaça, sinto meus lábios ressequidos, machucados, o gosto amargo, a bola cresce estendendo tentáculos, no meio dela eu me encolho cada vez mais, presa num círculo que cresce até explodir na vontade contida de gritar bem alto, bem fundo, rouca, exausta, correndo, esmagando as folhas de um outro outono, de um outro tempo, ainda este, o tempo, o outono, a tarde, o mundo, a esfera, a espera em que estou pra sempre presa.

(Caio Fernando)

Histórias


"São tudo histórias, menino. A história que está sendo contada, cada um a transforma em outra, na história que quiser. Escolha, entre todas elas, aquela que seu coração mais gostar, e persiga-a até o fim do mundo. Mesmo que ninguém compreenda, como se fosse um combate. Um bom combate, o melhor de todos, o único que vale a pena. O resto é engano, meu filho, é perdição "

(Caio Fernando)

sábado, 12 de setembro de 2009

Garotos


"Seus dentes e seus sorrisos mastigam meu corpo e juízo,devoram os meus sentidos, eu já não me importo comigo, então são mãos e braços, beijos e abraços,pele, barriga e seus laços"

(Leoni)

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Dois caminhos


"Quando ficamos com raiva, fazemos tudo da pior maneira, agimos impulsivamente, falamos o que não devemos, tratamos mal quem não merecia. E quando amamos, fazemos de tudo pra fazer o outro feliz, mostramos o que há de melhor em nós. Por isso que eu acredito cada vez mais que quando sentimos raiva, tocamos nas piores coisas que há em nós, encarnamos os nossos defeitos e abandonamos tudo que há de bom em nós, e quando sentimos amor de verdade por alguém ocorre exatamente o contrário..., exteriorizamos o melhor que há em nós."
(Pe. Fábio de Melo)

domingo, 6 de setembro de 2009

Grades particulares...


Tem dias que tudo amanhece mais cinza..., ou melhor não amanhece. Nesses dias me tranco em minha solidão, em meus pensamentos, em meus devaneios, em minhas frustrações, em minhas observações..., enfim..., vivo em um mundo só meu. E aí somos só eu, o violão e as palavras... Tenho estado com uma vontade constante de chorar, de me deixar esvaziar de coisas, de 'limpar o armário'... não é um estado de dor pura..., mas é uma mistura dessa com meus pensamentos. Todas as noites vejo os carros passando, apago as minhas luzes e vejo as da rua..., e quando percebo meu rosto já está completamente tomado pelas lágrimas, minha mente não consegue parar de pensar em espaços vazios, não consegue parar de reviver alguns momentos... E não quero me distrair com outras coisas, não adianta fugir..., não quando a vontade é de voltar para o inicio, não quando voltar e ir... já não são opções. Nos meus silêncios estão as minhas maiores verdades, então minha verdade mais gritante é meu silêncio mais profundo, o silêncio de todas as noites, o silêncio da menina que fica no escuro vendo os carros passando, na menina que fica durante horas trocando de notas no violão, tocando uma música que só ela é capaz de entender e escrevendo coisas que parecem não fazer tanto sentido..., mas pra que fazer sentido?!, é do incompreensível que ela tem sede, é o camuflado que ela quer expor... só não sabe como, isso aqui é só mais um ensaio...

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

A fuga


Espere pela mais alta madrugada. Pode ser de uma segunda pra terça. Essas tão caladas, tão mais escuras que todas as outras. Psiu! Não faça barulho. Só calce os sapatos lá fora, depois que você tiver fechado a porta para isso tudo que você está deixando para trás. Não deixe que ouçam seus passos. Mesmo que você pise duro, eles se entregarão vacilantes. Tanto que se ouvirem e te perguntarem aonde é que você está indo, é capaz de você dizer que está saindo pra comprar um cigarro. E, mesmo que você não fume, provavelmente, você voltará com um maço barato e fedorento e até pensará na possibilidade de começar a dar uns tragos. Quem sabe as frustrações não virem fumaça?

Se não virarem, vê se na próxima vez que você resolver largar tudo, não se esqueça de calçar sapatos confortáveis. Porque quando você sair sem fazer barulho e alcançar a rua você vai correr, correr, correr... até a hora que você se der conta que o que você sempre quis era ganhar asas e voar, voar, voar... Então, você vai se jogar numa calçada, cansado e sem fôlego e vai tentar se convencer de que realmente você é uma pessoa de sorte por nem ter ganhado calos doloridos.

Será mesmo um alento não tê-los, principalmente porque te fará esquecer rápido que correr não é a solução. Tanto que em vez de você se ocupar em construir suas asas, você gastará seu tempo e energia fazendo um mapa. Que bobagem! Sinto em lhe dizer que mesmo com um roteiro você se perderá na próxima esquina e ficará em dúvida em toda e qualquer bifurcação. É do feitio dos inquietos se perder quando tudo é possibilidade. E, por um instante, você terá certeza absoluta de que o mais seguro não é aproveitar a oportunidade e sumir, mas voltar pra casa andando devagar. Até porque não tem erro: basta seguir as placas do caminho de volta.

E é nesse caminho de volta, quando suas costas começarem a doer com o peso da mochila, onde se carrega essa vontade de tudo, medos inconfessos, riscos não corridos, sonhos não assumidos, idas frustradas e vindas frustrantes, que talvez você, finalmente, perceba que fugir é um engano tolo e covarde. Afinal, quem foi que disse que fuga é libertação?


(Autor desconhecido)